Cinco décadas antes de andarmos por aí agarrados a nossos smartphones clicando, editando e postando imagens nas mídias sociais, um grupo de artistas visionários já estava preocupado em explorar as possibilidades multimídia dos primeiros computadores e em debater o impacto da tecnologia. Uma mostra organizada de forma inversamente cronológica, começando pela era dos selfies e terminando na década de 60, como num túnel do tempo, inaugurou no Leste de Londres o circuito das grandes exposições de 2016 na capital britânica. A exposição “Electronic Superighway (2016-1966)”, na centenária Galeria Whitechapel, uma das mecas da arte contemporânea internacional, mostra como as artes visuais vêm se misturando à tecnologia e evoluindo junto com ela, sem deixar de refletir de forma provocativa sobre um mundo cada vez mais dependente de gadgets. A mostra, em cartaz até 15 de maio, reúne mais de cem peças de artistas da nova geração, ou seja, nativos digitais, e de pioneiros, que já vislumbravam um mundo hiperconectado muito antes de Steve Jobs ser ícone pop. Sua instalação “Internet dream” é uma das atrações da exposição na Whitechapel: uma hipnótica parede com 52 monitores que exibem imagens contínuas como se fosse um gigantesco patchwork eletrônico. A vídeo-escultura, de 1994, já demonstrava uma preocupação com a sobrecarga de informação instantânea que atingiu o auge com a explosão das mídias sociais.